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Minha morte

  Não sou suicida. Nunca penso em me matar. Mas, talvez, devesse. Acabar com tudo. Uma morte prevista e controlada. Meu estado de espírito é, por vezes, um território inóspito e árido, com suas pedras despencando de encostas muito íngremes e se despedaçando no chão poeirento. Sempre – quase sempre – solitário e sem vida. Todavia, nesse terreno arenoso e silente, há um pôr-do-sol alaranjado constante. Não, não é noite, é crepúsculo. E é sentada a admirar o poente purpúreo que esqueço de morrer. Algo em mim insiste em tentar viver por mais um dia. Algo me empurra adiante, ciente da força de minhas pernas e do avançar como um comando interno, eterno. Meus passos pesam, mas estou acostumada. Tenho força o suficiente para andar por mim mesma. Embora perceba que de nada adianta tamanho vigor de vez em quando. Persistindo em alavancar um pé na frente do outro de novo e de novo, joelhos firmes, olhos no horizonte, me pego pensando “Para quê? Onde estou indo?”. Minha sombra é a única compan