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Mostrando postagens de abril, 2012

Artista

Jornalista expatriada, cineasta convertida, escrevedora impublicada. Eu não conto, cara. Eu sou artista! Não faço parte das estatísticas. Sou a mancha no PIB anual. Se recolhesse latinhas, faria uma escultura. Sou criativa, que fazer? Esse é meu mal. Romântica romancista de romances romantizados. Escrevo tudo. Rabisco fatos. Mas o fato é que eu não conto. Não contem comigo. Não faço parte, faço arte! Eu sou o sal no doce da sociedade. Antissocial conturbada. Perturbada. Sou o alvo dos rostos piedosos. Solenemente arisca. À margem. Marginal. Sou a louca tatuada, notívaga, delirante. Sou o derradeiro pesadelo familiar. Sou o projeto que deu errado. Saí do avesso. Tudo o que sei fazer é criar. Não me lastime, eu sou mágica. Eu sou a própria caixa que Pandora abriu. Sou a ré, sou egoísta. Não me modifico. Gosto assim! Esqueça a regra. Sou desregrada. Não perca tempo comigo. Sou rebelde, sou um perigo. Eu já disse, cara, eu sou artista!

Carta Para Meus Amigos

(Hoje vim só para um rápido desabafo, um necessário mea culpa , uma tentativa de resgate. De mim.) Sei que é difícil me enxergar. Sei que é difícil querer ver mais do que mostro. E sei que a culpa me pertence. Me resguardo ao ponto da máscara. Isso é fato. Sou várias de mim. Sou exatamente o que cada um quer ver. O que cada um precisa. Preciso ser assim. Sou, talvez, uma mentira. Ou muitas. Mas, de fato, não me vejo. E não me veem. Sou pedra que perdeu o viço. Sou brilho que perdeu a aura. Sou aquela sombra que segue ao lado. E só sou vista quando querem, os meus, ver a si mesmos. Pelos meus olhos, sempre plácidos. Falta que me enxerguem. Falta que me sintam. Falta que sintam falta de mim. Mas, de fato, é minha máxima essa culpa. Sou eu quem me faço sombra. Sou eu quem me faço ombro, ouvido, abraço. Até que escorrego no ego que se desbota na calçada. Até que o tombo se torna inevitável. E é pelo sangue que escorre da ferida aberta que me sinto a mim. Eu mesma, sem