Mudar – Parte 1
E ela era uma pessoa das mais felizes. Conclusão lógica essa. Qualquer teste de revista cafona confirmaria. Sim, era plena de si mesma. Era cheia de vida. Feliz era a palavra correta. Afinal, tinha 35 anos e estava em grande forma. Era uma profissional bem sucedida. O emprego era ótimo, os colegas uns fofos, a chefe excelente. Ganhava o suficiente para se permitir extravagâncias. Tinha comprado seu primeiro apartamento um ano antes e já terminara de pagar tudo! Era uma vida de regalias. Seu castelo, suas coisas, seus amores. Boas roupas, bons amigos, bons lugares. Tudo ia tão perfeitamente bem que era de causar inveja nos mortais ao redor. Era assim... até que, um dia, se olhou no espelho. O grande espelho da porta do guarda-roupa. E o que viu naquela manhã de sábado, não foi a perfeição de antes, a perfeição de sempre. Não viu – essa era a verdade crua – nada de perfeito naquele reflexo, naquela estranha que a fitava de perto. Olheiras fundas sem a maquiagem cara. As l