Sou Velha
Dia desses, mandaram me dizer que eu sou velha. E eu concordo em todas as instâncias. Vejam, não me disseram que "estou" velha, mas que "sou" velha. O que implica uma diferença significativa. No meu julgamento, a declaração não tem a ver com idade. Tem, sim, uma tentativa de ofensa que, em verdade, é verdade! “Ser” velho significa finalmente absorver os ímpetos de juventude, os arroubos de aventura e os sonhos megalômanos de um futuro esplêndido. Significa uma calma que só os que são velhos têm, significa encarar o tempo passivamente, como se fôssemos, eu e o tempo, velhos amigos jogando xadrez. “Estar” velho é sentir-se menos jovem, é a contagem de anos pesando sobre as articulações e a ânsia dolorosa de querer voltar no tempo. Desses males, fora a lei da impiedosa gravidade, não sofro nenhum. Não choro pelos perdidos ímpetos de juventude porque jamais os perdi. Ainda invento mundos fictícios e brinco com amigos imaginários, ainda visto-me de pers