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Headbangers

Quando as luzes ofuscantes diminuíram seu piscar alucinado e os olhos se acostumaram mais ao estonteante flamejar de cores e brilhos, é possível distinguir os vultos no palco. Imóveis como manequins de cera. Enegrecidos pela sombra calculada. Os gritos alucinados vão escasseando, rareando, diminuindo até o sussurro, até o silêncio. A expectativa por um movimento qualquer. Quietos, atentos, olhos que não piscavam, mãos apertadas. Dezenas, centenas de corpos inertes e corações acelerados aguardam. Segundos intermináveis separam o silêncio do primeiro acorde agudo da guitarra. E não leva sequer outro segundo para que as cabeças de cabelos longos coreografem uma batida marcada e contagiante diante do palco. Uma dança de cabeças e cabelos embalada pela distorção das guitarras. Um mar de movimentos ondulantes que acompanhava precisamente a violenta cadência da bateria. Começava o show!

A chuva

A chuva não dava trégua. O tamborilar dos pingos fortes acompanhava o vento gelado e úmido. Nem parecia verão. Não parecia, mas era. Verão de pleno janeiro. Onde estava o sol? O calor fugira da chuva pra não se molhar! Pela janela, olhinhos tristes observavam uma poça que se enchia cada vez mais na calçada. Na vidraça fechada, cresciam e sumiam cadenciadas duas manchas brancas de vapor. Nariz encostado no vidro frio, nem percebendo que respirava. Onde estava o azul do céu? O feio cinzento das nuvens baixas refletindo o humor de quem espiava aquele repentino inverno. Não importava se duraria apenas uma tarde, aquela chuva deprimia. Não devia fazer frio no verão. A bola encostada na parece parecia não se importar, mas os pés reclamavam não correr ao ar livre. Como era possível aquele dia tão terrível? E na vidraça fechada, a mancha branca cresceu num suspiro, enquanto os olhinhos tristes e lacrimosos esperavam a chuva passar.

Uma Bolinha!!!

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Eu tenho em casa uma bolinha. Uma bolinha magricela. Uma bolinha magricela e descabelada. Ou pode ser um bolinho, como diz o pai dela! Um bolinho que tem os cabelos e o gênio do pai. Um bolinho que tem ataques de brabeza e sai jogando tudo pra cima. Um bolinha muuuuito braba!!! Um bolinho que ri muito e conversa em élfico (só ela sabe o que está dizendo). Uma bolinha magricela que come muito, muito mesmo, e continua magricela. Um bolinho de quase 80 centímetros, tênis cor-de-rosa e sorrisos babados. Um bolinho que faz vocal gutural e come qualquer porcaria que encontre pelo chão. Uma bolinha que adora brincar com cinzeiros, mouses e controles de tv. Eu tenho uma bolinha magricela, que o pai chama de bolinho, e que corre pela casa toda. Eu tenho uma bolinha descabelada. Eu tenho uma bolinha. Minha bolinha chamada Melissa!!!

Ausências...

Tempo para reflexão... .... .... Deu. Tempo esgotado. Sei, de longa data que, quando se fica refletindo muito, acaba-se perdendo o momento. O momento é aquela coisinha que passa por nós despercebida e, quando a gente se dá conta, já era. Momento é um plim , um humm , ou qualquer desses barulhinhos que levamos um segundo pra fazer. Em vez de fazer o barulhinho, você devia ter aproveitado o momento. Pois é, já era! Esse, exatamente, foi um momento perdido. Já foi. Já era. Agora mais um tempo (inutilmente utilizado) para reflexão... .... ....