A chuva
A chuva não dava trégua. O tamborilar dos pingos fortes acompanhava o vento gelado e úmido. Nem parecia verão. Não parecia, mas era. Verão de pleno janeiro. Onde estava o sol? O calor fugira da chuva pra não se molhar! Pela janela, olhinhos tristes observavam uma poça que se enchia cada vez mais na calçada. Na vidraça fechada, cresciam e sumiam cadenciadas duas manchas brancas de vapor. Nariz encostado no vidro frio, nem percebendo que respirava. Onde estava o azul do céu? O feio cinzento das nuvens baixas refletindo o humor de quem espiava aquele repentino inverno. Não importava se duraria apenas uma tarde, aquela chuva deprimia. Não devia fazer frio no verão. A bola encostada na parece parecia não se importar, mas os pés reclamavam não correr ao ar livre. Como era possível aquele dia tão terrível? E na vidraça fechada, a mancha branca cresceu num suspiro, enquanto os olhinhos tristes e lacrimosos esperavam a chuva passar.
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