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Mostrando postagens de julho, 2013

Confesso – Parte 1

Vez em quando, venho aqui com alguma nota de não ficção. Redecoro tudo que é monotonamente realista e construo poesia para dissimular essa monotonia. Dessa vez, só uma confissão necessária. Descobri muito sobre mim nessas últimas duas semanas. E isso pode não interessar em nada a você, mas vou relatar mesmo assim. É minha catarse, afinal de contas. É escrevendo que exorcizo, que realinho, todos esses monstros desvelados. Estive, recentemente, obrigada a encarar o mundo sem véus, sem maquiagem (não a minha, a do mundo). Me vi em situações claras e reais. Quem esteve lá, vai saber. E percebi que tenho, já, a idade e o discernimento para analisar e compreender a mim. E percebi mais. Que aquela “eu” adolescente jamais morreu, apesar de meus esforços. Que ela me observava (eu, a adulta) de algum lugar quieto e sinistro, esperando para gritar “estou aqui ainda”. E estava mesmo. A mesma menina (creio que jamais fui uma menina) introspectiva e raivosa, a mesma rebelde encolhid

De Passagem

Precisei de oxigênio e encontrei a rua. Havia o ar quente da noite. Havia a tensão da tempestade que vinha. Havia o relâmpago no céu. Havia gente ao redor, barulho ao redor. Havia alguém ao lado respirando o mesmo ar que eu. Precisei de espelho e encontrei o sorriso. Havia a conversa interessante. Havia o compartilhar sem medir força. Havia o vinho e a esquina. Havia a mão estendida procurando a minha num afago de afinidade. Precisei de sentido e encontrei o toque. Havia o carinho suave. Havia a pele macia. Havia o beijo e o sussurro. Havia o abraço e o descanso. Havia o amanhecer entrando pela janela enquanto o sono se aconchegava. Precisei de mim e me encontrei sozinha. Havia um só reflexo, e era o meu. Havia um só sossego, e era o meu. Havia o silêncio e a chuva. Havia a calmaria e a deriva. Havia menos do que antes. Havia o agora. O depois já não há.