38 dias
Tive um sonho dia desses. Sonhei com uma cena, um momento, um trecho. De manhã, depois do sonho, a história me possuíu. Inteira, inalterável. Simplesmente se apossou de mim. Tomou-me de assalto por 38 dias inequívocos. 38 dias de absoluto mergulho nas palavras, esquecendo trabalho, filha, marido. Os 38 dias que eu não vivia a quase duas décadas.
Depois desses 38 dias, o livro, em suas 200 páginas, estava pronto. Esse que me veio de presente sabe-se lá de que canto do mundo dos sonhos. Assim que terminei, que digitei o último ponto final, um vazio tão triste tomou o lugar daquele calor de viver outras peles.
Era o medo voltando. O mesmo medo que me travou vinte anos antes desses 38 dias. O medo de não ser bom, o medo de não ser lida. O medo de criar para ninguém. Artista não é artista sem público. Um livro inexiste sem leitores.
Hora de engavetar o medo. Estou muito velha pra não me arriscar. Decidi publicar. Não vou me guardar na gaveta dessa vez.
Depois desses 38 dias, o livro, em suas 200 páginas, estava pronto. Esse que me veio de presente sabe-se lá de que canto do mundo dos sonhos. Assim que terminei, que digitei o último ponto final, um vazio tão triste tomou o lugar daquele calor de viver outras peles.
Era o medo voltando. O mesmo medo que me travou vinte anos antes desses 38 dias. O medo de não ser bom, o medo de não ser lida. O medo de criar para ninguém. Artista não é artista sem público. Um livro inexiste sem leitores.
Hora de engavetar o medo. Estou muito velha pra não me arriscar. Decidi publicar. Não vou me guardar na gaveta dessa vez.
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