Regozijo dos Tempos


O tempo de armazenar passou. Passou por nós como flecha atirada à caça, que raspa a árvore indefesa e dispara rente o coração da corsa. Sangue e morte louvam o tempo que passou. Época da colheita, de dançar entre fogueiras de volúpia, de deitar a seiva à terra e garantir o sustento da semente. Época de embalar bebês ao som dos bardos e suas harpas, das antigas canções dos heróis.

O tempo de resguardar já passou. Passou como água de córrego rumando ao supremo oceano. Passou como nuvem ao vento antes da tempestade. Já é hora de retornar ao lar, acender lareira e deitar oferendas a Héstia. Tempo de recolher as crianças, juntar o feno, aconchegar-se diante do fogo para ouvir as histórias dos velhos.

É o tempo que passa fácil, dia a cada dia, noite através de noite. E o tempo vai passando, deleite dos séculos, vida e morte, renascimento.

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