Uma música ouvida durante anos e anos... e, de repente você se toca que ela não significa exatamente o que diz. Resultado e significado são grandezas díspares. E você entende que ouvia o que queria ouvir, que existia sonoramente numa redoma cristalina de autoexultação, de utopia. Um bom exemplo disso são esses quatro versos tão fortes, embalados por vozes canoras. Essa música em especial diz exatamente assim: “Faço porque quero! Estou sempre com a razão! Eu jamais me desespero! Sou dono do meu coração!” Quatro mentiras confortáveis, nada mais que isso. Fazer porque se quer – qualquer coisa – é a máxima do poder da juventude. No melhor estilo “eu sou o rei do mundo”, “eu posso tudo”. Amadurecer é também a compreensão de que isso é impossível. As coisas que fazemos, as fazemos por dever, por obrigação, pela vida – a nossa e a de outros. Claro que há escolhas, mas elas são turvas, nunca realmente nossas. Nunca dependem apenas da nossa vontade. Estar sempre com a razão é u
Aconteceu, muito tempo antes de nós, uma luta de classe e de sexo que determinava que uma mulher, por ser inferior ao homem, deveria trabalhar mais e ganhar menos. Brigas e perrengas várias mais tarde, determinou-se que o trabalho seria igual para os dois sexos. Uma mentira descarada, mas deixe estar. Apesar das vitórias feministas obtidas desde o voto feminino brasileiro, em 1932, ainda revogo o fato de comemorar o dito 8 de Março como me dizendo respeito diretamente. Entendam: a comemoração, não o sentido. A comemoração diz respeito a “louvar” a mulher em um dia específico, dando presentes e fazendo homenagens. O sentido diz respeito ao descaso, omissão, preconceito e sexismo os quais enfrentamos, nós mulheres, diariamente. Sou da geração que não precisa mais ser feminista. Isso não é uma afronta. É a realidade. Hoje, beirando os 40 anos, sou mãe, mulher, profissional, empresária, livre, respeitada, formadora de opinião, independente. Sou o todo que qualquer homem deve s
(essa tem dono e ele vai ver, tenho certeza) Deixar de tentar, dar o primeiro passo e recuar, essa é a métrica do covarde. É um repetir constante de tentar mais uma vez e não sair do lugar, chegar a arquitetar o plano e falhar por medo – puro e absoluto medo – de colocá-lo em prática. É treinar para a maratona e não correr quando o tiro dá a largada. Para esses, o único prêmio é a derrota. Única e repetitiva derrocada – frustração, remorso, vergonha! –, porque é isso que o fraco merece. Sempre o último lugar ou lugar nenhum. Se a vontade, o desejo, a beleza da conquista ou o triunfo da recompensa não são maiores ou mais brilhantes do que o medo da tentativa, então nada vale a pena. Melhor e mais fácil – eu diria mais seguro, porque conforta – esquecer de vez! Melhor abrir mão, fingir que nem viu, que nem conhece. Melhor mesmo cessar a procura. Tratar o objeto do desejo ou a linha de chegada como um mero amigo imaginário que só existe mesmo ali, dentro da cabeça. Melhor de
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