Por Uma Noite


Às vezes, tudo que falta é um corpo quente pra abraçar. Às vezes, tudo que falta é um aconchego. Feminismo, machismo, revanchismo, ismos demais. É quando a gente se vê só numa cama imensa e nem quer sexo, quer abraço!

É! Abraço. Tem momentos em que um par de braços e o calor da pele batem todos os recordes de audiência. É tudo que se quer ver, se quer ter, só naquele instante. Só por uma noite, não ter de dormir sozinho. Quem me entende?

Essa de famílias modernas, mães full time, gente avulsa... É legal, admito. Mas, chega aquela hora em que essa gente avulsa só quer ser conjugada, dupla, acoplada. Entende? Liberdade rima com solidão. Às vezes rima, sim. Vai lá ver!

Nada contra essa nova ordem mundial que fez de mim o esteio da família, que fez de mim a âncora e o arado, a força, o paradigma social. Nada contra mesmo. Gosto de ser forte, dona do meu nariz, do meu caminho, do meu ninho. Mas... e sempre tem um “mas”...

Também sinto falta de ser a diva, a camélia, a esposa, a namorada, a amada, a mulher. Ser eu mesma, ser só eu. Despir todas as armaduras, os uniformes. Ficar nua de tudo, de todos, do mundo.

E é nessa hora que sinto falta do par de braços ao redor de mim. Não, ninguém em particular. Só braços que queiram me abraçar e nos quais eu possa deixar de ser tão forte assim. Só por uma noite. Você entende?

Comentários

Rafaela Nova disse…
Eu me sinto assim também. Outro dia comentava com um amigo... Com a vida eu aprendi a me defender, ser bravo, virar onça. Mas de noite, apesar de tudo isso, sinto falta e vontade de alguém me abraçando e me sentir então protegido. Será o instinto? Eu não sei, mas dá vontade de ter.
Aureliano Santos disse…
Giselle,

Prazer em conhecer esse seus espaço. Achei-o diferente, mas repleto de bons textos, reflexoões, catarse...
Quanto ao texto, muitas vezes algo nos falta, mesmo que tenhamos a sensação de completude, de independência.Então nos vemos necessitados de qualquer afeto , que nos tome e nos afague.

Cordialmente,

Aureliano.

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