Álibi

Confesso que sou capaz de fechar meus olhos e ver você sorrindo. E seu sorriso tem um brilho malicioso, quase erótico. Você sorri pelos olhos, esses olhos felinos de gente que não passa pelo mundo sem ser percebida. E é assim que eu percebo você.

Confesso que o silêncio traz o som de sua voz aos meus ouvidos. E eu te escuto ronronar. A fala macia, cheia de sensualidade. Que sai de uma boca pronta para dizer a que veio. Dizer tudo, com um simples sorriso, assim de canto.

Confesso que prendo a respiração e sinto ainda sua barba cerrada roçando minha pele. Sua saliva, seu suor. E você sabe beijar como ninguém. Mesmo que só minha mente tenha concebido tal beijo, é esse seu beijo boêmio, carioca, que guardo comigo.

Confesso que sonho você. Sonho acordada. Sonho uma noite de bar e de bebida. A noite em que deixei você conhecer minha essência. E não tive medo de sua boemia, de sua displicência, não tive medo de você. Porque você e eu somos opostos, somos iguais.

Confesso que sinto sua falta. Que estou com saudade. Que teimo em arrumar um álibi pra voltar a ver você. E, quem sabe, aquele bar realmente exista. E entre as garrafas de cerveja numa mesa sem mesa, a magia daquela noite – as noites de Botafogo, as noites da Lapa – volte na forma de um novo beijo. Quem sabe...

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