Por Um Abraço
A pouco mais de cinco anos, uma noite dessas seria um convite à navalha. Àquela sensação reconfortante de vazio, de que o nada poderia ser meu. Enfim... Em outros tempos, outra vida, a vida não seria empecilho. Em outros cantos, outras mortes, a morte seria bem-vinda. Eu sei, eu sei. Difícil entender um instinto suicida... Não liguem. Essa sou apenas eu. O fato é que, agora, este exato momento, revivo a sensação de quando a navalha estava tão próxima. Estranho sentimento, pois nada no mundo poderia me matar agora. Não mais. Já não sou assim. Tenho pelo que viver. E vale a pena cada dia. É exatamente por isso, por ter abdicado conscientemente de meu lado funesto que, agora mesmo, sinto que algo não se encaixa. Eu não deveria – não poderia! – me sentir como na época da dor... Ou deveria? O que eu sei é que, quando se é um solitário por opção, o nada faz companhia. A gente acostuma a estar só, mesmo cercada de gente. Entende? É, sei que entende. E é fato que essa solidão faz