Fobia
Sim! Tenho medo de cachorro. Mas,
não é um medo assim, normal. É algo mais. É algo tipo um poodle latir duas
quadras distante de onde estou e eu pular... e olha que poodle nem é cachorro!)
É eu suar e ter taquicardia se um cão passa na rua – mesmo que eu esteja dentro
do pátio, com metros de muro pela frente!
Sim, sou fóbica. Tenho medo
demais de coisas que não são pra ter tanto medo. Tenho falta de ar, acelera o coração,
suo, fico tonta, joelhos tremem... Já atravessei ruas e troquei de quarteirões só
porque um cachorro estava languidamente deitado no caminho.
Mas, de alguns tempos pra cá, tenho
tido medos além dos cães. Tenho tido medos mais. Tenho medo de morrer... Certo.
Minha mãe morreu cedo, de repente. Assim que me tornei mãe, passei a ter horror
à ideia de morte. Tem lógica, mas não tem sentido.
Uma coisa que a gente não sabe é
o momento da nossa morte. Nem o vidente mais hábil saberá o exato instante de
deixar de existir por aqui. Concordam?
Mas eu tenho. Medo. Medo de
morrer. De morrer jovem. De deixar coisas inacabadas precisando de mim. É uma
fobia, ou é o realismo da vida cobrando sua parcela de sadismo? Não sei como
curar, embora entenda o ridículo da situação.
Normalmente, na hora de dormir,
quieta na cama, penso em não acordar... Tenho verdadeiro pânico de imaginar o
caos que se seguiria sem mim. Minha filha, minha arte... tudo órfão de mim.
Louca? Por vezes, acho que sim.
Só sei de uma coisa: eu não vou
morrer hoje!
Comentários