O Olhar de Um Anjo


Não sei bem em que ponto deixei de habitar a terra dos egoístas. Não sei bem em que chão fui pisar com meus pés indignos. Sei apenas que flutuei nuvens e vivi prismas... e energizei chakras, e atuei nirvanas... e me vi diante do olhar de um anjo.

Não saberia separar a carne do espírito. Não saberia transcender até a compreensão dele. Compreendê-lo é absorver a energia vital de universos, naturezas, alquimias. Então, eu que sou plana, apenas o amei.

Amei por três dias intactos um anjo de olhos meninos e sorrisos meigos. De gestos serenos, de abraços fraternos. Mãos dadas e dedos entrelaçados com a luz dos deuses. Um anjo de letras e profecias, de rosto tão belo...

Um tanto criança, outro tanto sabedoria. Aura de filosofia que me atingia o coração em cheio. Esse anjo de palavras francas e sensíveis. Esse que passou pela Terra apenas para sorrir para mim. Esse que na despedida me deixou de coração partido. Querendo um aceno a mais, só mais um sorrir...

Anjo dos meus sonhos, menino meigo. Seu rosto povoa minha mente, assim como seu verbo enterneceu minha alma. Da cidade onde os anjos habitam... encontrei você na metrópole e foi lá que me deixei revelar por você.

A cura imaculada para a solidão é você. O nome que pronuncia a redenção. Um amigo já tão querido. Saudade eterna desse olhar castanho. E seu nome a sanar cada mácula, a perdoar meus pecados. A cura vinda do céu. No olhar de um menino-anjo. Um arcanjo. Rafael.

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