Uma Sombra
Tenho saudades de um rosto que já
não sei se é real ou fruto de minha mente tão galopante. Tenho sonhado com alguém
que não sei mais se conheço ou não. Tenho sentido a saudade de um abraço
fantasma. Tenho repentes de lembrança... mas será?
Sei que espero, dia a dia, hora a
hora, pela presença desse ser quase imaginário. E os detalhes vão sumindo a
cada novo instante. Outros rostos, outras bocas. E a fantasia se esvai qual
areia entrededos.
Já não sei se deliro, se invento,
se recordo. Só sei que anseio pela presença quase etérea de alguém que me fez
feliz. Será que fez? Alguém que me preencheu. Já não sei a qual termo. Alguém
que fez a ausência tão presente quanto o sentimento.
Se essa sombra errante realmente
me quiser, eu espero pacata, alheia ao derredor. Se essa sombra adentrar o espaço, virtual ou real, aqui me encontrará. Todavia, a espera já me fatiga, já
me estenua, eu que sou tão ativa. Culpa minha? Sim, por certo, esperarei.
Mas não posso esperar pra sempre.
Vontade tenho, capacidade não. Porque essas outras bocas, esses outros rostos,
já requerem de mim mais atenção. E não quero. Minha atenção é toda dessa sombra
já disforme pelo tempo. Essa que veio e passou e não voltou pra mim.
Não sou dúbia, nem volúvel. Nunca
fui. Mas é que a distância desapega. A ausência desintegra. O silêncio desdiz.
E realmente não sei até quando conseguirei esperar que a sombra volte... Se é que
existe. Pois que minha imaginação vai tão longe... que seria bem possível criar
do vento essa sombra, esse homem... que não vem.
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