Fugir de Si
A fuga é a pior saída, o mais humilhante
dos desvios, a mais sórdida decisão. Fugir é sinônimo de medo, de fragilidade,
de inabilidade, para dizer o mínimo. É indicativo de caráter duvidoso, de retidão
limitada, de covardia declarada.
Fugimos dos perigos, das ameaças,
do que nos fará algum mal. Instinto de preservação. Sobrevivência. Fugimos de
situações maléficas, desastrosas, fugimos do que não podemos controlar. Essa
fuga é tolerável, combativa, esperta até.
Indizível é fugir da sorte, do
momento, da tentativa, do arrependimento. Inimaginável é fugir e si. É desviar dos desejos,
dos anseios, simplesmente por temor do desconhecido. Pior ainda, por temer
aquilo que se conhece tão bem.
Lastimável a fraqueza humana que
corre da própria carência, que se afasta da sombra própria projetada, que
prefere não ver a luz na estrada adiante. Triste de se perceber a falta de
confiança de alguns nas próprias escolhas, nos próprios conceitos.
De que maneira fugir de algo que
trazemos conosco a cada instante? Como nos escondemos do destino, do futuro? Mais
nobre seria abrir os braços e deixar-se cair do precipício. A tal dor, afinal,
pode não ser tão terrível assim. Concordam?
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