Eu que sou Estrela
Não te tenho por perto e já sinto
tua falta. Sinto falta de algo que só tu tens. Um quê magnético, imantado. Será
que tens? Será que me percebo em ti, e só? Sim, questiono a cada instante, se
te percebo só a ti ou se me significo no que és, no que não fui. Será?
Mas o que fui, o que me tornei, é
tão diferente de ti. Tão apartado de teus desejos e conquistas. Se me reparo no
teu ser, é porque te vejo – e só a ti – antes de mim. Vejo quem és. Será que
enxergo bem?
Desvendar uma pessoa é tão
complexo quanto desmembrar qualquer roteiro. Decupá-lo quadro a quadro! É
definir o personagem que não é ficcional. É discorrer sobre a alma que, por si
só, se eleva por sobre a compreensão mundana.
Um criador reconhece outro, um ficcionista
se vê no espelho. Mas, mais além, quero perceber de ti a integridade de espírito.
O que te dói, o que te trava, o que te alimenta. Quero ser – pretensiosa que
sou – esse alimento d’alma... Permites?
Quero mais que uma biografia. Quero
muito além do que os meros mortais dispõem. Quero ser única na tua arca divina.
Quero ser a bruxa de teu romance fantástico, o robô, a ninfa, a musa... Quero
ser parte de tua criação. Se deixares, serei mais.
Serei a deusa que desce à Terra
para deleitar-se em teus sentidos humanos. Serei a bárbara a empunhar espadas e
a lutar por tua atenção. Serei guerreira, maga, fada. Diz como me queres e
serei tua criatura, tua... só isso.
Pois que tu és o criador absoluto
de meu destino. Dá-lo-ei inteiro a ti. Eu, que sou estrela, que sou divindade,
Calíope. Eu que me entrego a ti para ser redesenhada, roteirizada, dirigida... recriada...
E a pergunta permanece... Queres?
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