Outonos



A lareira espera. Ainda não é momento. Ainda não é certo. Somente uma brisa mais fria, um luminescer de nuvens pálidas. As flores deixando de colorir lá fora. E, aqui dentro, chamas apagadas. A lareira e o peito vão esperar...

O vinho, a castanha, o cobertor. Tudo aguarda enquanto as árvores se vestem de plátanos. Manhãs frias, tardes chuvosas, noites de estrelas. Poucas roupas, muitas roupas... cinza e nevoeiro. Ainda não é certo, ainda não é o momento.

Tempo calmo, de ter calma, de livro e vinil. Tempo de suspiros, de janelas embaçadas, vida embaçada. Tempo sem vida, não é o momento. Hibernar ainda não. Fugir, ficar, deprimir, reprimir. Buscar aconchego ainda não é certo.

Destoa a vontade do abraço, a necessidade do abrigo. Solidão combina com suspiro e chuva. Outonos sem lenha crepitando, sem dormir de conchinha. Hora de guardar o coração e aguardar invernos... esperar que ele, quem sabe, se decida... Mas o certo é que não é certo. Não é momento... de ganhar amor.

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