Um Ramo de Alecrim
Quem é tão especial quanto deseja
ser? Quem se vê como é e quem se imagina? Quem de nós idealiza-se no olhar do
outro? Quem, dentre todos nós – sonhadores –, está realmente preparado para
saber-se menos do que gostaria?
Só sabemos que a opinião alheia
importa quando esse alheio é tão próximo que nos fere o ego. Só nos sabemos
insossos, comuns, quando esse mesmo alheio não nos vê. E, se vê, não parece
admirar como deveria, como poderia, como queríamos... De quem é o erro? Daquele
que vê ou daquele que é visto?
A florzinha de alecrim que afoga
ao lado da rosa sabe o peso de ser um ser mediano. Ainda assim, a flor do campo
insiste, resiste, está lá, dourando qualquer gramado que lhe permita existir. Sombreada
e esquecida, erva daninha no matagal. Quem sabe, nem a flor se saiba menos
linda, nem o campo a veja como é. De qual dos dois é o erro?
O mais triste é que saber-se
especial não significa sê-lo. Triste é não ter em si – em mim? – o poder tão
cobiçado do encantamento, do arrebatamento, do causar arrepios. Desejar sem ser
desejado. Obscurecer diante do brilho não refletido. Não fixar no olhar daquele
que deveria – deveria? – nos ver como diamante, supernova!
Algo de prosaico em nós nos
apaga. Algo corriqueiro, banal... nós mesmos? E nos pegamos com inveja de
desenhos de super-heroínas. E nos pegamos com a soberba desterrada, arrasada,
silenciosa... E nos pegamos desejando um segundo olhar, uma segunda opinião. Descrédito?
Não. Talvez a busca pela aceitação roubada, pela ilusão desfeita.
Talvez, tudo não passe de uma
vontade inata de ser especial para alguém. Talvez, tudo se resuma a causar
nesse alguém o mesmo impacto que ele nos causa – sem saber, quem sabe. Talvez,
tudo isso não ultrapasse o egocentrismo desmazelado de quem – eu? – ainda não
consegue conviver com a própria banalidade. Ou, talvez, o alheio simplesmente não
goste do que vê...
Comentários