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Tenho de admitir que protelei por
480 longos e graciosos (!) meses a chegada desta data adversamente magnânima.
Ficou lindo isso! Não acharam? Mas, é fato. Hoje é, finalmente, o dia da redenção.
Do Parque não, da graça mesmo! Dia de rebelião, dia de quebrar correntes. Mais
um grande passo. É agora que a vida começa, dizem. A minha? Essa já começou faz
tempo!
Tenho que fazer certa força, às
vezes, pra lembrar que não tenho mais 20 anos (nem 30... enfim). Tenho que controlar impulsos e
segurar instintos. Quem sabe por isso eu repita tanto a minha idade. A cabeça
da gente prega peças, peca em passos, pensa que é jovem ainda. Na verdade, a
cabeça da gente estaciona aos 18 e o corpo que se dane! Mas não é disso que
quero falar.
Quero mesmo é dizer que chego inteira
e satisfeita a mais esse marco temporal. Quero dizer que acredito na vida mais
do que nunca. Quero dizer que consegui! Conquistei cada metro do caminho, cada
pedaço de chão até aqui. Degraus e buracos, saiam da frente, estou passando! E
fui recolhendo tombos, desilusões, recomeços, amizades, troféus e bagagem,
muita bagagem!
Quero contar que sonhei muitos
sonhos. Sonhos simples, devo confessar. Mas cada sonho único, imprevisível,
improvável. E alcancei cada um deles. Coisas pequenas como andar pela Av. Paulista.
Outras inenarráveis, como ver pela primeira vez o rosto da minha criança.
Fiz tudo que quis, tornei
realidade tudo que sonhei. Fiz bobagens, por certo! E reuni ao meu redor
pessoas boas, pessoas más, pessoas que não vivo sem. Fiz amigos sinceros, tive
paixões platônicas, amei homens e deuses.
Fiz de mim talvez mais do que eu mesma imaginava. Com certeza, muito
mais do que todo mundo imaginava.
Hoje, minha vida é meu presente. Esse
presente que se folheia nas prateleiras das livrarias (e que leva o meu nome na
capa), esse presente que me chama de mãe a cada cinco segundos (e que é a minha
cara)! Mesmo assim, hoje quero me dar só mais um presente. E meu presente é a
liberdade!
Decreto que sou livre! Deste dia
em diante não tenho amarras, não tenho travas, não tenho trevas, não tenho lei!
Solto os meus medos, os meus bichos, os meus vícios. Sou dona de mim mesma! Sou
minha propriedade, plena e liberta. Sou mãe, sou mulher, sou artista. Sou uma
senhora de quarenta anos! Parabéns pra mim!!!!
Comentários
Que você sempre cultive este alto astral, não importa qual idade!
Beijos,
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Ben Oliveira