Mutante



Não, eu não vou desistir! Brado aos quatro ventos que desisto da desistência. Comodismo não me representa. Constância não me satisfaz. É preciso navegar outros mares sempre! É preciso continuar a sonhar. Mesmo que a vida jogue na minha cara todo o peso da realidade. Mesmo assim, ainda irei ousar!

Se me deixar consolar pelo marasmo, não serei mais esta que tanto conheço. Se me deixar abater pelo conforto do não-agir, do sentar e observar a vida passar, morrerei antes de começar. Já estarei morta na ausência desse ímpeto de desbravar horizontes nunca antes explorados.

Ouso seguir em frente! Ouso viver paixões, amar sem travas. Ouso as loucuras dos jovens, a indolência dos amantes. Ouso querer ainda um último beijo de veneno, uma última noite de fogo! Tenho em mim essa chama inextinguível do desejo de viver a plenitude de tudo. De tentar e tentar.

Não quero a serenidade do amor calmo. Quero a vastidão de sentimentos! Prefiro gritar e sofrer e derramar lágrimas ácidas do que sorrir placidamente enquanto sopra o vento na paineira. Quero atirar meus clichês aos porcos, quero dançar ao redor das fogueiras. E me queimar! A dor me dá mais forças. Mais vontade de continuar dançando.

Não me julgue se somos diferentes. Não me julgue se não sou a terna mãe com avental sujo de ovo, vendo o dia passar pela janela. Também não peço desculpas pelo que não sou. Pois que me atrevo a ser a essência da calamidade, do desejar frenético, do cobiçar insaciável. Não sou eterna, mas eternamente mutante! Arriscar é preciso! Apaixone-se!

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