O Voo da Águia



Eu que te observo flanando, asas abertas douradas contra o azul do céu do deserto... Eu que te vejo mergulhando no vazio tal qual flecha disparada do arco... Eu que te acompanho no ataque implacável à presa... Eu que te espero descer, quando o sol toca na areia, para te aconchegares contra o frio da noite...

É quando a lua ganha a grandeza do firmamento e toda as vozes se calam... É quando te recebo em mim, pronta e disposta a ser tua muralha... É quando me procuras com as penas cansadas... É quando sou teu ninho, e entre graveto e sombra te escondo. É quando recostas tua cabeça em mim e sonhas que voas outra vez....

Só assim te tenho em meu colo... Só assim te acarinho sem que percebas meu afago... Só assim posso olhar-te tão de perto e ver em ti toda a beleza da liberdade... Só assim tenho para mim uma pequena parte de tua vida nômade... Só assim posso sentir teu calor a me esquentar como a brisa morna de primavera...

Eu que sou a força que te protege até que o sol nasça outra vez atrás de nós... Eu que embalarei teu sono tranquilo... Eu que posso beijar-te até o amanhecer, até ganhares novamente o rumo do vento... Eu que sou firme, que sou rocha e que te esperarei regressar sempre... Eu que sou a montanha que te ama, meu belo pássaro.

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