Maus Hábitos
Será que te amo tanto assim a
ponto de mudar-me? Será que és tão importante que realmente considero abrir mão
de meus hábitos? Meus Vícios? Esses que me tantos corpos, tantos fins. Será
que, pelo amor de um homem, eu realmente abandonaria partes de minha alma? De
minha personalidade?
É possível que te considere acima
de todos os maus hábitos? Acima das maneiras e manias que me construíram na
fortaleza que sou hoje? E se assim for, o que restará de mim sem eles, os vícios?
O que sobrará de meu eu egóico sem esse aparo psicológico que faz de mim quem
verdadeiramente sou?
Será que ainda me reconhecerei em
mim mesma depois de ti? Depois de perceber que tua opinião pesa mais que meu próprio
costume? Ou sou eu unicamente te usando de álibi, meu amor, para deixar de
ser-me? Será a minha vontade se fazendo em ti e inventando subterfúgios?
Criando a quem culpar?
Um cigarro entrededos, um copo na
mão. Noites de solidão ou a alegria funesta dos bares. Qual destes deslizes
sociais me diz em definitivo quem é esta que vejo no espelho? Quem, além de ti,
me vê de verdade, acima da nuvem de fumaça ao meu redor? Quem me vê melhor que esse
teu olhar acusador?
Sei somente que a mudança urge,
abre passagem. Talvez, seja apenas o tempo de terminar o que começou tanto
tempo antes. Tempo de renovação, de reconstrução. Tempo de fazer-me nova. Outra
eu teria esse mesmo brilho que me autoencanta? Teria tanto domínio sobre meus
ais tantos?
Deverei experimentar para
descobrir... Nada é tão simples. Nada facilita. Algo em mim grita que pare, que
volte. Que deixe como está. Mas sei que teus olhos me fitarão diferente depois
do sacrifício, do martírio, do abandono. Mudar por mim ou por ti, por meu ego
ou por teu prazer. Não importa. Mudar apenas. Que venha a mudança.
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