Perdas e Danos
É preciso perder pedaços! É preciso
que coisas ruins aconteçam, e arranquem partes dispensáveis para abrir espaço às
coisas boas... É preciso que haja dor antes de haver sorrisos... E, acima de
tudo, apesar de tudo, é preciso continuar sorrindo.
Apesar do peso nos ombros, da
sujeira na pele, da vergonha por trás dos olhos, é preciso erguer o queixo e
esboçar aquele belo sorriso nos lábios – mesmo feridos. Hematomas? Escondemos
com corretivo. Pena não haver corretivo para a alma.
E vem a pergunta definitiva. Pra
que continuar tentando? Um desencadear de desamor por si mesmo é tudo o que se
consegue nesse apanhar constante. Que recompensas esperamos depois de tudo? Por
que insistir se a falha é tão óbvia?
Nenhum alento dura o suficiente
para tirar do paladar o fel corrosivo. Aquele abraço nunca está disponível
quando precisamos de proteção. Cada um cuida de si. Não se pode pedir para que
cuidem de nós. Não se pode almejar conforto da existência.
Dramaticidade? É, talvez seja só
mais um rompante dramático de quem faz nada de útil além de pensar palavras
complicadas. A “louca” quer mais atenção. Bilhete de suicídio? Não, não é para
tanto. É só mais um tapa na cara, mais um banho de realidade.
Se eu espero que meu grito
amordaçado seja ouvido? Sim, eu gostaria, mas não espero nada. Já nem sei se
tenho direito de desejar aquele mero abraço que não dura, que nunca vem. Solidão
é uma palavra forte... Erga o queixo e sorria. Sim, eu sei que dói...
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