Vermelho
Pulsar delicado das veias da
donzela à espera do vampiro. Gosto doce. Gota de sangue. Jorro desenfreado de
vida que escorre pelos poros, pelos cantos da boca. Cálice de vinho tinto, inebriante,
a entorpecer os medos e os martírios mundanos.
Sopro quente da garganta do dragão.
A lança do herói a perfurar a carne do monstro. Os olhos injetados da fera. A tez
alva da bela a dançar sua nudez errante ante o altar de sacrifício. O amolar da
lâmina almejando o imolar do cordeiro.
Resfolegar abafado que escapa dos
lábios. Febre. Dor. Desejo. Inocência, flor desabrochada. O fio rubro do rio de
lava a estampar os lençóis da virgindade. Noite de eclipse. Lua cheia a
encontrar sua sombra. O beijo roubado de encontro ao batom.
Corpo que pulsa sob outro corpo. A
carne e o dente. Suor e delírio em implosões de aromas e néctares. A marca
ansiosa das mãos percorrendo a pele arrepiada. Paixão sob o apreciar alucinógeno
das fúrias. Relâmpagos lançados ao fundo da alma.
Serpente incandescente. Haste de
fogo vivo a inundar as costas. Retorcer de músculos, revirar de olhos. Flutuar
como se o espaço fosse denso, fosse fluido. Ver os céus, pisar os infernos. Despertar
a consciência e ser só a Fênix desenhada em vermelho.
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