Minha Mãe - Parte 1

Minha intuição me diz que devo falar sobre minha mãe. Faz tempo, já, que sinto essa necessidade. Mas o pudor e a decência me tranam. Afinal, não se deve falar mal dos mortos. Não é mesmo?

Quando comecei esse blog, anos atrás, nada tinha em mente além de relatar verdades sobre mim mesma. E fiz isso. Afinal, catarses são lembranças, sinapses, conexões, revelações. Catarses sã maneiras de deitar a público o que vai na alma. E tenho feito isso a contento.

Entretanto, não há como falar sobre minha mãe sem dor e sofrimento. Não há como convidar à leitura de um texto tão caustico. Mesmo assim, ainda tomo coragem para narrar a pior parte dessa minha atual existência. Afirmo que é a pior, pois algo em mim grita que o fato de ter sido filha dela me gerou tantos bloqueios, pontos cegos, traumas ou o que seja que vocês decidam chamar.

Alguns vão ler essa série de textos absurdamente catárticos e vão saber... Vão saber que são verídicos porque estavam lá. São testemunhas oculares, cúmplices. Outros vão ler e vão saber porque compreendem que é verdade. Estiveram lá, ma nada viram. Apenas sabem de quem eu estou falando.

Talvez esses textos levantem fantasmas sepultados por décadas. Eu sinto muito por isso. Todavia, para mim, os fantasmas nunca dormem. Eles assombram a cada noite, em cada fresta da memória. E, sim, eu vou citar fatos e nomes e tudo o que eu puder pra me livrar desses espectros. Eu Peço desculpas a quem se doer. Nós sabemos de quem eu falo!

Vou escrever os diálogos como falamos, na prosódia aqui do sul, com o perdão dos puristas... Vou numerar os textos para que seja lido, caso desejarem ler, em ordem cronológica. Embora nem eu mesma saiba se cronologia se aplica a esse relato. Vou começar por onde me dói mais.

Vou começar pelo dia em que ela, minha mãe, a pessoa que mais deveria me amar na face do planeta, me disse: “Tu é feia. Tu é sexy, mas é sem graça!” Esse foi o começo do fim... Eu tinha 13 anos... E eu era sexy, mas sem graça. Eu era feia. Porque ela era linda. E ela era linda... Mesmo...

Minha mãe aos 22 anos. Eu tinha 2.


Segue no próximo post...

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