Minha Mãe - Parte 3

Estou pulando eventos, é claro. Isso não é um diário de mim. Falo de coisas marcantes e, por vezes, posso até me perder nas linhas do tempo... Lembro de meu avô Araby e sua capa de exército... lembro das rapaduras feitas no taxo por minha avó Rodhe. Os pastéis da Dadada... o pé de caqui no quintal (ou pátio, como a gente chama aqui no sul).

Lembro do vô José e sua passividade contagiante. E lembro que eu fui a única a “tocar” aquele violino. Lembro da vó Adir... sem comentários sobre ela, só mais tarde. O que interessa é que fui crescendo num ambiente de brigas e rusgas. Aprendi a brigar bem! Ninguém me ganha numa discussão!

Quando meus pais se separaram, pra mim foi normal, foi bom. Não tive traumas nem fiquei com sequelas... sou a típica filha de divorciados, independente e arredia. Nesse processo, duas pessoas cruzaram o meu caminho (eu tinha 6 anos). Duas figura muito distintas e com papéis incrivelmente diferentes.

Vou parar aqui pra fazer um apontamento! A Madrasta!!!! Todos os deuses sejam louvados pela IVI em minha vida!!! Não estou puxando o saco, é a verdade! Por causa dessa mulher (que era uma criança na época) eu sou a guerreira inatingível que eu sou hoje! Graças a essa mulher, minha filha tem a avó que merece (sem desprezar a outra avó paterna, claro)! E, sério, a Ivi sabe ser um pé no saco quando quer! E ainda funciona!

Enfim... Do outro lado, veio o Alex. Ele tentou, como padrasto, admito. Por alguns anos, ele tentou. Mas nunca conseguiu minha afeição plena. Afinal, eu tinha o meu pai e ele era o máximo. Minha mãe? Ela era a culpada. Meu pai deixou de gostar dela e foi embora. A culpa era toda dela. Quem mandou ser assim, estúpida...

Por essas e por outra que eu penso que a culpa pode ter sido minha, da minha percepção infantil errada e não respondida. Passei a ver minha mãe como um erro da natureza. E ela não se esforçava pra mudar isso... ou não via... vai saber.

O fato é que, se não existissem aquela tia que nem era tia (a Dadada) e a Ivi (a antimadrasta), eu não teria nenhuma figura feminina por mim... era assim. Eu estava sozinha no centro, com um apoio (bom ou ruim) de cada lado, um em cada casa.

Dos meus 6 anos aos 10 ou 11, foi esse o panorama. Até aqui, parecia tudo normal... Tive meus primeiros contatos com a morte nesse período... Meu avô materno, meu avô paterno, minha avó materna... todos se foram...

Meus 12 anos foram, talvez, um marco. Um divisor de águas, como se costuma dizer... as coisas erradas começaram a acontecer... E eu não sabia como fazer aquilo parar.

Meu pai e eu (8 anos)


Fica pro próximo post.


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