Nas Pontas dos Dedos
Sei bem que não posso querer de
ti mais do que uma leve brisa de saudade. Sei, conscientemente, que jamais te
terei ao alcance das mãos. Sequer das pontas dos dedos. Pois foges, esquivas-te
para não sofrer desse mal que me acomete. E que é contagioso.
A praga mais terrível de todas já
é dona dos meus sentidos. Não há cura, nenhum placebo. E te proteges. Quem sou
eu pra te recriminar por esse resguardo? Já que sei o que sofro e o que dói e o
que judia de minha pobre carne essa febre...
Mas, estás
seguro até certo ponto, meu amor. Pois que o vírus desse mal harmônico já te
atinge as células mais superficiais. Si, já sentes o tremor, o arrepio que
desfalece. És mais um dos enfermos do mal do milênio. De todos os milênios.
Ainda assim,
sente-te seguro. Eu aqui estou para cuidar de ti. Mesmo que eu pereça, mesmo
que eu sucumba, nada me impedirá de estar aqui para ti quando me quiseres,
quando precisares. E, acredita, vais precisar brevemente desses zelos meus!
Embora duvides
do poder do vírus, é ele que já te causa esse frio no estômago, essa sensação
de abraço do ar vazio. É ele que te queima as entranhas nas madrugadas frias na
tua cama vazia. É o vírus que te faz lembrar de mim ao amanhecer.
Lentamente
consumindo a tua alma até o derradeiro desfecho. Quando te tornarás, assim como
eu, escravo desse sentimento. E nada, remédio algum, te salvará do fim
previsto. E tu me amarás assim como eu te amo. E seremos culpados e fadados a
morrer de amor...
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