Minha cama

(deveria ter escrito isso dia 18 de setembro de 2014)

Minha cama tem cheiro de corpo. Não do meu, do outro! Um corpo que me perfuma, que me consome, que me infecta, que me resvala entrededos...

Meu corpo tem o cheiro de outro corpo. A pele na minha pele de uma maciez indescritível. Músculos ocultos, mas hábeis. Coxas grossas, curvas densas, mãos descompromissadas... Esse corpo que toma o meu corpo, que me suga, me consome, me flagela. Esse corpo que me devora! E eu deixo.

E ele vem e vai sem a menor preocupação. E ele vai e volta, porque eu permito. E eu permito porque esse corpo me incendeia ao mais breve olhar. Sim, esse corpo tem uma cabeça, e olhos e lábios... E ele sabe se dar e me beijar e ser meu quando os meus lábios e olhos se despejam, sedentos, sobre ele.

E é quando ele se submete e se torna meu que tudo, caoticamente, acontece! No calor do gozo, no esplendor do orgasmo, ele é meu dono, meu escravo, meu amante, meu vassalo. Ele... esse que eu já amei. Esse que eu já prezei, e que me é dor e prazer e sublimação. Ele, que faz de mim alguém melhor.

Sei que sou inteira sem ele. Mas, com ele, sou invencível. Ele apenas me faz bem. Tão bem, que a um ano eu sou só dele. Dele e do gosto daquela língua, daquele toque. Eu sou ele quando ele está aqui. Do mesmo jeito que ele é meu na minha cama. Quando esse trecho acaba, somos eu e ele, únicos, insólitos.

Insólita essa falta que ele me faz. Que se faz presente quando menos eu espero. Que se sacia em si mesma... porque ele sempre volta pra mim! 

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