Antípoda

Levei muito tempo para decidir por mim mesma. Levei tempo demais para entender que ninguém me leva a sério tanto quanto eu me levo. Tempo demasiado para olhar ao meu redor e ver que todos me dão as costas. E isso não é ruim. É fato e contra fatos não há argumentos. Nem súplicas. Hora de agir.

Sim, doeu me afastar de alguns caros amigos. Doeu renunciar ao calor gostoso do abraço que me amparava. Doeu, acima de tudo, abrir mão de parte do sonho impreciso, mas emblemático, escandaloso. Todavia, a volta ao espectro de mim me faz mais forte, mais coesa, mais dona da minha própria vontade. E vontade é combustível.

Não creio que vá ser amada por todos. Tenho certeza de ser odiada por alguns. Isso, embora trágico, não me toca. Eu que fui ensinada a ser dura feito aço, tive mais uma lição importante nesse curto percurso. Aprendi a reconhecer que a única opinião que importa é a minha. É a minha paz de espírito, a minha felicidade. Minha vida, não a deles.

Tudo começa a entrar em uma dinâmica que, talvez, eu não suporte. Tudo tão rápido, tão novo, tão difícil. Mas esse foi o caminho escolhido. E eu o escolhi sozinha. Ninguém tem culpa, ninguém tem mérito. Se tudo der errado, o débito será só meu. Se tudo der certo, serei a única vencedora. Simples assim.

Por isso mesmo, não peço perdão a ninguém. Mesmo aos que eu magoei, não me desculpo. Não. Pois, a mágoa maior é a que mora em meu peito. E sou eu quem convive com ela. Se ninguém sofre por mim, também ninguém me dói. Insensível? Pode até ser. Mas, consciente! Morrer tentando é meu lema. Sempre foi. Hora de recomeçar!

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