Primeira Catarse
Estou bem. Estou sempre bem. E nunca estou bem. Na média,
ninguém nota nada. Procuro não incomodar. Chato aquele amigo chato que vive
chateando os outros, pedindo abrigo, asilo, colo, conselho. É chato. Então, não
faço. Mas, faço. Veladamente, espero que alguém note que eu preciso de alguém.
Não, eu não estou mendigando romance. Nem romantizando a
atenção alheia. Fico bem sempre que posso. Hoje, não posso. Ficar bem é
relativamente incerto. Sorrio, mas não estou sorrindo. Não choro, mas estou aos
prantos. Algum lugar dentro de mim está chorando. Só não sei qual.
Se for soletrar e juntar sílabas, diria apenas que estou
triste. Penso que se parar de pensar, tudo para, tudo passa. Ao passo que o
tempo passa por cima da ausência e para essa coisa ruim na boca do estômago. O
tempo cura tudo e tudo se cura depois de um tempo. Ou quase isso.
Mas, não se importe agora com o meu hoje, porque amanhã
serei eu como sempre. E sorrirei sem estar sorrindo. E você não verá as
lágrimas que não choro. Apenas deixe passar. Porque sempre, sempre passa. Até
amanhã.
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