A Luta
Depressãozinha batendo leve. Chegando como a chuva fininha que cai lá fora nesse fim de tarde que não é verão nem outono. Não é tristeza, não é fossa, não é ausência. É aquela velha sensação de acabar. A sensação de cansaço, de ciclo repetido, de velhice precoce, de enfado. Os dias seguindo em frente e eu a me repetir sempre. Sempre na busca daquele algo que não acontece, que não desabrocha, que não vive. O engraçado de tudo é que, dia desses, estava eu dando conselhos incentivadores a um amigo que sofria dessa mesma depressão. Um jovem, com todas as forças em dia, com todo o talento debaixo da pele. Dizia eu “espera, isso passa”. Dizia eu “calma, você vai conseguir”. Agora não sei se fui honesta. Deveria dizer-lhe “desiste, não há chance pra gente como nós”. Deveria dizer-lhe “busca outra coisa mais branda, larga o sonho, que esse sonho dói”. Esse sonho é mágoa latejante, pronta para ser chorada a qualquer canto. E tanto o sonhamos, por tanto tempo, que ele gasta. Torna-se pesad