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Mostrando postagens de agosto, 2012

Conto de Fadas?

E ela descobriu que o amor de sua vida estava namorando. Falaram por tenros vinte minutos ao celular. Ele parecia muito mais maduro, mais centrado. A voz mais solta, mais serena. Tinham-se visto por algumas horas em um evento dez dias antes. E ele já dava sinais de mudanças profundas. Mais magro, mais sorridente – ele que não sorria quase nunca –, mais descolado. Dono de si o suficiente para cruzar o salão e ir dizer um “olá” ao passado. E voltar ileso, confiante. Deslizava em vez de andar. Ela notou, óbvio. Mas os joelhos tremiam tanto cada vez que ele colava o corpo no dela, que nada mais na mente havia senão aquele rosto, aquele cheiro. E notou algo mais. Sua reação quando ele surgiu foi inimaginável. Sentiu-se uma adolescente boba ao saltitar ao redor dele. Idolatrá-lo. Ele notou, óbvio. E como sempre acontecia, cedeu um pouco mais. Ele sempre se dava um pouquinho a mais a cada encontro. E foi justamente dessa vez que os lábios se encontraram. Tímidos, contidos. Um

Sou Eu

Sou eu a tua letra, o teu traço, a tua sílaba. Sou eu a linha reta, a cadência, a tua rima. Sou eu que guio tua mão no papel em branco. Sou eu que te guio, pela mão, dentre o véu que inspira. Sou o elo de ouro que une nossas vidas. Sou o centro da atenção, essa tua. Sou vértice, sou vórtice, sou voz. Sou eu quem exalta a exatidão da tua métrica poesia. Sou simples e simplesmente complexa. E só o sou porque só tu me desvendas. Me arrancas máscaras, camuflagens, me despes roupas. Roubas de mim o néctar do teu criar. Sou tua musa. Sou tudo em tua vida. Sou teu mundo, teu íntimo, tuas palavras. Sou quem te faz feliz, quem te faz mais vivo. Sou a ponte e o rio que te cruzam. Sou arquipélago, tua terra firme. Sou eu o amor da tua vida. Sou o braço firme que te sustenta. Sou teu amparo. Sou aço, sou fogo. Sou eu a cicatriz que te marca. A ferida aberta em teu ser. Sou teu sangue, tua carne. Sou só tua. Sou eu quem te espera, quem te segue, que te serve. Sou quem te am

Felicidade Plena

Cazuza disse uma vez que queria “a sorte de um amor tranquilo”. Foi mais ou menos ao mesmo tempo em que pedia por “piedade, senhor, piedade”. Certo, não era pra ele, era pra os covardes... Mas não somos nós os maiores covardes tranquilamente apiedados de nós mesmos? Um dia meu amor me disse que queria acordar rico e não sofrer mais. Rico, por certo. Mas parar de sofrer?... Cada vez mais me convenço de que o flagelo d’alma é o combustível do novo milênio. Esse que já se arrasta por década e mais. A solidão impera nos peitos e nas vozes. É uma epidemia! Cada qual alimenta seu bicho-papão pessoal, seus vultos e fantasmas. Monstros do armário como bichinhos de estimação. O mundo está triste. É a conclusão que eu chego. Falta aconchego, falta clima, falta beijo! Mas o que falta realmente é olhar pra frente e se ver refletido no espelho. Veja lá, você não está sozinho. A tal felicidade plena não está ao alcance da mão. Ela está na própria mão. No ato de pegar pra si o que dev

O Olhar de Um Anjo

Não sei bem em que ponto deixei de habitar a terra dos egoístas. Não sei bem em que chão fui pisar com meus pés indignos. Sei apenas que flutuei nuvens e vivi prismas... e energizei chakras, e atuei nirvanas... e me vi diante do olhar de um anjo. Não saberia separar a carne do espírito. Não saberia transcender até a compreensão dele. Compreendê-lo é absorver a energia vital de universos, naturezas, alquimias. Então, eu que sou plana, apenas o amei. Amei por três dias intactos um anjo de olhos meninos e sorrisos meigos. De gestos serenos, de abraços fraternos. Mãos dadas e dedos entrelaçados com a luz dos deuses. Um anjo de letras e profecias, de rosto tão belo... Um tanto criança, outro tanto sabedoria. Aura de filosofia que me atingia o coração em cheio. Esse anjo de palavras francas e sensíveis. Esse que passou pela Terra apenas para sorrir para mim. Esse que na despedida me deixou de coração partido. Querendo um aceno a mais, só mais um sorrir... Anjo dos meus s